Adis Abeba — O Presidente em exercício da União Africana (UA), João Lourenço, abriu neste domingo a 2.ª Cimeira União Africana-Comunidade das Caraíbas (CARICOM), em Adis Abeba, destacando a importância de reforçar os laços históricos e culturais entre África e a diáspora caribenha, bem como a necessidade de justiça reparatória para africanos e afrodescendentes.
Fonte: Club-k.net
Sob o lema “Parceria Transcontinental na Busca da Justiça para os Africanos e os Afrodescendentes através de Reparações”, Lourenço recordou que a primeira cimeira, realizada em 2021 em formato virtual devido à pandemia, marcou o início de um processo que agora ganha nova força com o encontro presencial.
“O nosso objectivo é transformar as cicatrizes do passado em pontes de solidariedade, cooperação e justiça”, declarou o estadista angolano, sublinhando que o ano de 2025 foi consagrado pela UA à questão da justiça reparatória.
Entre as propostas apresentadas, destacam-se a utilização do Mecanismo Afro-Caribenho de Justiça Reparatória e do Fundo Global de Reparação como instrumentos de cooperação entre a UA e a CARICOM. Lourenço também defendeu a criação de subcomités técnicos permanentes, voltados para áreas como a inovação agrícola, produção de vacinas e combate às desigualdades estruturais.
O líder angolano apontou ainda a necessidade de acordos sobre vistos e serviços aéreos que facilitem a mobilidade entre África e as Caraíbas, a instalação de uma Plataforma Conjunta de Comunicação e Media, além do fortalecimento da parceria público-privada para mobilização de recursos.
Na frente económica, realçou o impacto da abertura do escritório do AfreximBank nas Caraíbas e dos Fóruns Afro-Caribenhos de Comércio e Investimento, que já se encontram na 4.ª edição. “Precisamos de transformar as nossas decisões em benefícios concretos para os nossos povos, estimulando comércio, tecnologia, agroindústria e economia azul”, acrescentou.
João Lourenço defendeu também a institucionalização do Conselho da Juventude UA-CARICOM, para garantir que as novas gerações estejam no centro da cooperação transcontinental.
Em tom crítico, apontou os desafios globais que afectam África e Caraíbas — desde as alterações climáticas à insegurança alimentar e energética — e voltou a exigir uma reforma urgente das Nações Unidas, em particular do Conselho de Segurança, para assegurar maior representatividade dos países do Sul Global.
No final do seu discurso, o Presidente angolano reafirmou a solidariedade africana ao povo palestino, defendendo a criação de um Estado que permita a convivência pacífica entre palestinos e israelitas.
A 2.ª Cimeira UA-CARICOM decorre em Adis Abeba com a presença de chefes de Estado e de Governo africanos e caribenhos, dirigentes da ONU e representantes de organizações regionais.