Luanda - Foi com um sentimento de profundo orgulho patriótico e renovada esperança que assistimos, no dia 01 de Setembro, segunda feira última, à inauguração da primeira fase da Refinaria de Petróleo de Cabinda pelo Presidente da República General João Manuel Gonçalves Lourenço. Este não é meramente mais um projecto de infra-estrutura; é um marco histórico, um poderoso símbolo da nossa determinação colectiva em reescrever o destino económico de Angola, começando pela sua joia mais septentrional, Cabinda.
Fonte: Club-K.net
Durante décadas, fomos prisioneiros de um paradoxo angolano: sermos um dos maiores produtores de petróleo bruto de África, mas importarmos a maior parte dos derivados de que necessitamos.
Esta realidade, para além de ser economicamente insustentável, representava uma fuga colossal de divisas e de oportunidades. Cada litro de gasolina, gasóleo ou querosene importado era um emprego que não criámos, uma empresa nacional que não florescia, uma riqueza que não era reinvestida no nosso solo.
A refinaria de Cabinda vem quebrar este ciclo vicioso. As suas vantagens são multifacetadas e prometem ecoar por toda a nação, com um impacto particularmente significativo para a juventude, motor do nosso futuro.
Em primeiro lugar, a soberania energética e económica. Passaremos a ter controlo directo sobre uma parte fundamental da nossa cadeia de valor. Isto significa maior estabilidade no abastecimento de combustíveis, protecção contra a volatilidade dos mercados internacionais e, acima de tudo, a valorização interna do nosso principal recurso natural. Já não exportaremos apenas matéria-prima; exportaremos conhecimento, produto refinado e valor acrescentado.
Em segundo lugar, o estímulo ao desenvolvimento industrial e à criação de emprego. Uma refinaria não funciona isoladamente. Ela gera uma infinidade de indústrias satélites – desde a logística e transportes até à petroquímica, passando pelos serviços de manutenção e fornecimento de equipamentos.
Este ecossistema será um viveiro de oportunidades para milhares de jovens engenheiros, técnicos médios, soldadores, electricistas e gestores angolanos. É precisamente este o tipo de projecto estruturante que pode travar a diáspora dos nossos cérebros e dos nossos braços mais capazes, oferecendo-lhes um horizonte profissional digno e promissor aqui, na sua terra.
Finalmente, e de forma crucial, o desenvolvimento regional estratégico de Cabinda. Esta refinaria tem o condão de colocar Cabinda no mapa não apenas como uma fonte de riqueza, mas como um centro de produção e transformação.
O projecto irá, inevitavelmente, impulsionar a melhoria de infra-estruturas locais, gerar receitas para a província e criar uma economia local mais dinâmica e diversificada. É um passo tangível no sentido de levar desenvolvimento e equidade a todas as pontas do país, fortalecendo a unidade nacional através da partilha concreta do progresso.
A cerimónia deste histórico 01 de Setembro de 2025 não marca o ponto final, mas sim o começo de uma jornada. Os desafios de operacionalização e manutenção estão à frente. Contudo, o acto simbólico do Presidente da República inaugurar esta obra envia uma mensagem clara: Angola está a investir no seu próprio potencial. Está a apostar na sua juventude, na sua tecnologia e na sua capacidade de se tornar, verdadeiramente, dona do seu destino.
Cabe agora à nossa geração, herdeira desta nova perspectiva, abraçar este desafio com a mesma coragem e visão que presidiram à sua construção. A Refinaria de Cabinda está de pé.
Que ela refine não apenas o petróleo, mas também as nossas ambições, transformando-as em prosperidade real para todos os angolanos. O futuro não se importa, constrói-se. E no dia 01 de Setembro de 2025 em Cabinda, construímos um alicerce sólido para o amanhã.