Luanda - Conheci Luísa Grilo há mais de vinte anos. Subordinada de Rafael Marques. Largo da Unidade Africana. Miramar. Luanda. Era “sim, senhor” para cá. “Sim, chefe” para acolá. Humilde. Cordata. Discreta. Conselheira. Um regalo falar com ela. Hoje, microfone na mão dela é granada armada. Explode. Sempre.
Fonte: Club-k.net
Deixei de a ver durante anos. Soube que se tinha tornado empresária. Dona de vários colégios na capital. Os filhos? Não estudavam em nenhum deles. Estudavam em França. Brutal contraste: Da humildade ao poder. Do cuidado à provocação.
João Lourenço fez dela ministra a 16 de Outubro de 2022. Foi aqui que a história descambou. Grilou. O poder tomou conta da cabeça dela. Ficou ébria de vaidade. Tornou-se mal educada. Quando abre a boca, a “Bolsa de Escândalos” dispara. A grila fala. O País pega fogo. Microfones viram granadas. Com ou sem pelo. Cada palavra, faísca. Cada frase, incêndio. O cidadão-eleitor sai chamuscado. Sempre.
Norberto Garcia, director do GAP, já teve de pedir desculpas públicas.
Boca louca da ministra. País chamuscado. A política virou circo. O cidadão-eleitor, plateia. Palhaços armados de microfone.
O Executivo sai sempre mal na fotografia. A ministra não informa. Incendeia. Irrita. Afasta. Alergias verbais. Urticária política. Cada aparição: Alerta. Microfone fere. Há dias, mais um episódio digno de antologia. Se fosse cronicado por Salas Neto: “A Grila e o Microfone”. Saborosa. Supimpa. Estilo único.
A jornalista e educadora Ana Maria Daio escreveu-lhe: “O país precisa de líderes que saibam escutar, mesmo quando o tom é duro; que saibam responder com firmeza, sem perder a ternura; e que consigam transformar o desconforto em oportunidade pedagógica.” Bela carta. Belas intenções. Sonhar é grátis. Realizar custa caro.
Aqui, custa sangue. Suor. Paciência do cidadão-eleitor.
O problema não é só Luísa Grilo. O Executivo perdeu autoridade. Ministros fazem e dizem o que querem. Acções e palavras ao vento. Impunidade garantida.
Nada lhes acontece. Descaso. Permissividade. Laxismo. Amiguismo. Compadrio. O cidadão-eleitor observa. Impotente. Reality show sem júri.
Um Governo sem rei nem roque. Sem freio. Sem rumo. Sem comando. Sem vergonha. Playground de ministros descontrolados. E assim vamos. Até 2027.Quando lá chegarmos, talvez não haja País para educar. Só cinzas de discursos. Promessas queimadas. População a respirar fumo. Até 2027, o problema não será a Educação. Será ensinar Angola a sobreviver aos ministros irresponsáveis.
O Presidente perdeu autoridade. O “Exonerador Implacável” perdeu ímpeto.
Não parece. Mas perdeu.
Hoje reina permissividade. Laxismo. Desordem. O Presidente, outrora temido, virou brinquedo quebrado nas mãos dos auxiliares. Exemplo? Luanda e sete cidades do País. Progroms violentos. Três dias. Segurança Nacional insegura. Conselho Nacional de Segurança convocado. O País esperava soluções. Nada aconteceu.
O silêncio do Palácio da Cidade falou mais alto. Foi barulhento. Angola respirou medo. Conclusão: João Lourenço ignora a Segurança Nacional. Angolanos entregues à própria sorte. Que Deus proteja Angola e os angolanos. Tirem o cavalinho da chuva. Do Palácio da Cidade Alta só virá silêncio. Indiferença. Inação. Impunidade. E o País que se desenrasque. Sozinho. Política: Teatro de fantoches. Ministros mandam. Presidente assiste. País como plateia. Cidadãos aplaudem ou choram. Depende se sobra coragem ou fôlego.
O País transformado em prova de sobrevivência.
Não é governado. É administrado por quem ignora regras. Valores e consequências. Quem ousa falar, como Luísa Grilo, transforma microfone em arma. Incêndio. Sempre. Até quando, Angola? Até quando o cidadão-eleitor vai aceitar que o silêncio do Palácio pese mais que a vida do povo? Até quando vamos assistir, impotentes, ao descaso puro e duro? O País que se desenrasque. Sozinho. Autoridade do Governo? Que se segure. Quebrou. Microfone explode. Impunidade reina. E os angolanos pagam. Sempre.